Região de Tombali

Dia 12 de Maio viajámos de Bissau para Catió, capital da região Tombali, ao volante  Barra Siga, o nosso condutor nesta viagem pela Guiné. Esta região está situada na ponta sudoeste da Guiné-Bissau, junto à Guiné Conacri.

A cidade de Catió é uma pequena cidade, parada no tempo! O centro retrata o seu passado colonial, constituído por edifícios onde funcionavam os serviços administrativos coloniais que hoje, degradados, albergam os serviços administrativos guineenses.  O acesso à cidade é difícil pois os últimos 60km de viagem, a “estrada” de Buba até Catió é de terra batida com vários locais em mau estado. De notar que esta é a época de apanha do Caju e por esta estrada circulam camiões carregados com toneladas de sacos.

Já tínhamos sido informados que nesta região iriamos encontrar condições mais “precárias”. Após a chegada e algumas tentativas de encontrar o melhor local para pernoitar, acabámos por ficar instalados no melhor hotel da cidade, um edifício térreo, pintado de rosa, rodeado de um quintal e vedado por um muro alto. Após alguma conversa percebemos que aquele é o local mais procurado e os novos clientes esperam pela saída dos anteriores para ocuparem os quartos. Percebemos também que a limpeza era feita apenas no chão do quarto e que provavelmente os lençóis dos hóspedes que tinham saído nessa tarde não tinham sido mudados.  Acabámos por optar montar uma tenda por cima da cama pois também as redes mosquiteiras estavam em mau estado.

Os quartos têm porta directa para uma varanda com acesso ao quintal, são mobilados com uma cama de casal alta, de madeira maciça e pesada, uma pequena mesa e uma cadeira também em madeira e duas cadeiras de plástico, e têm electricidade das 19h00 às 23h30 e WC.

A alimentação também é complicada em Catió. Nesta pequena e isolada cidade apenas conseguimos comer peixes de rio muito pequenos. Foi nos dito pela cozinheira que algumas empresas (julgamos nós) asiáticas compram quase todo o peixe da região para exportação.

Quanto ao trabalho em si fomos ajudados pelo Cambraima, uma pessoa com familiares na zona e com alguma influência nesta região. Seguimos então para a recolha de canções da etnia Nalu nas tabancas[1] Cudocó e Cabulól Nalu e canções Balantas nas tabancas Ilha de Infanda e Cabulól Balanta.

Na estrada entre as tabancas Cabulól Nalu e Cabulól Balanta encontrámos um grupo de mulheres junto a um poço, sentadas à conversa. Parámos o carro e elas, com os filhos amarrados nas suas costas, aceitaram o nosso pedido e cantaram canções Balantas, enquanto esperavam pela sua vez para encherem as bacias, baldes e jerricans com água e regressarem às suas casas.

[1] Tabanca significa povoação, aldeia em crioulo.

Domingo, 14 Maio, 2017|