Região de Quinara
No dia 14 deixámos Catió e a região Tombali. Tínhamos previsto seguir para Buba, na região Quinara, mas um problema no carro obrigou-nos a ir para Bissau. No caminho, parámos em Batambali, uma tabanca Beafada situada no cruzamento para Empada, uma vila da região Quinara. Em Batambali tínhamos um grupo de mulheres e meninas, organizado por um professor a quem chamam Obama, famoso por ensinar português correctamente aos seus alunos. Facto que comprovámos, ao sermos abordados à nossa chegada, por uma criança de 8 anos que, ao contrário da grande maioria das crianças, e dos guineenses em geral, se nos dirigiu num perfeito português. O problema no carro, mais precisamente a necessidade de mudar a correia de distribuição, reteve-nos em Bissau até dia 16 de Maio.
No dia 16 de Maio partimos então para Buba, capital da região Quinara. Buba é uma cidade banhada por um braço de mar que se mistura com o rio Grande de Buba. Nesta cidade ficámos instalados na Pousada da Bela Vista, mais conhecida pela pousada da Gabi, uma holandesa que vive na Guiné-Bissau há mais de 30 anos. A pousada da Gabi é um espaço muito bonito e agradável com 5 bungalows, cada um com 2 quartos.
A estadia em Buba foi muito agradável, pois, além das noites bem dormidas no belo espaço da Gabi, tivemos também o prazer de comer num pequeno restaurante situado numa praça e composto por uma pequena casa de 2 divisões onde a comida é preparada. As refeições são servidas em mesas de plástico, colocadas na praça debaixo de uma árvore, à medida que os clientes chegam.
Durante a nossa estada em Buba fomos ajudados pelo Bacar Bassi Djassi, uma pessoa ligada a uma rádio local e que nos foi indicada por conhecer muito bem a região e as pessoas. Recolhemos canções Balantas e Beafadas, sendo estas em maior número devido à predominância desta etnia na região. As gravações foram efectuadas na tabanca Balanta Samnhinté, que significa “deixa-me ver”, e nas tabancas Beafadas Ndjassani e Buba‑tumbo. Além destas tabancas fomos também a um bairro de Buba, denominado Nema Um, onde ouvimos uma canção lindíssima e totalmente diferente de todas as outras, quase sem melodia e apenas com os motivos rítmicos dados pelas consoantes das palavras. Em Buba confirmámos algo com que, já em Catió, nos tínhamos deparado: o facto de que na cidade toda a gente fala Criolo e as crianças já nem sabem falar as línguas das suas etnias de origem tornando-se necessário ir para fora da cidade, para regiões rurais mais isoladas, para conseguirmos fazer a gravação de canções nas línguas originais das etnias.
Na última manhã em Buba, na pousada da Gabi, deparámo-nos com uma carrinha-furgoneta, tipo Mad Max, com uma tenda rebatível no tejadilho, de uma inglesa e um filho, com cerca de 16 anos. Mãe e filho saíram do País de Gales em Dezembro com o propósito de dar a volta ao mundo, tentando visitar todos os países. Inicialmente previam chegar à África do Sul em Abril, mas as dificuldades burocráticas encontradas em África atrasaram o calendário inicial, pelo que actualmente esperam demorar 10 anos a concretizar o seu projecto.
Nesta manhã seguimos para Bafatá.